quarta-feira, 7 de abril de 2010

Editorial - Março de 2010

Palavras de Mãe

“Sua Mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.” (João 2,5)


Maio, mês de luz. Comemorativo às mães, às mulheres, a todos aqueles que trazem no ser o espírito da maternidade, do acolhimento, da ternura, da cumplicidade. Pairam no ar as mais belas vibrações de Amor. Nada mais adequado para representar este mês que Ela, a doce, a suave Mãe de Jesus, Maria de Nazaré.

Examinemos suas preciosas palavras em Caná, cheias de sabedoria e amor materno. O conhecido mandamento de Maria de Nazaré.

O episódio ocorre numa festa de bodas, mas podemos aproveitar-lhe a sublime expressão simbólica nos dias vividos de nosso hoje.

Também estamos nós numa festa de noivado com o evangelho. São vinte séculos decorridos e ainda é clima de experiências entre nós, porquanto não se verificou ainda a perfeita comunhão, a união, o casamento.

Neste grande concerto de idéias renovadoras, somos serventes. Em muitas ocasiões, esgota-se o vinho da esperança, do ânimo, sentimo-nos tristes, desiludidos, deprimidos... imploramos então a ternura maternal e eis que Maria nos abraça e diz :Fazei tudo quanto ele vos disser.

O conselho é sábio, é profundo, é balsâmico. Foi exposto para nos direcionar a vontade, a persistência, para nos indicar caminhos.

Diante de tantas dores sobre nossas cabeças e corações, perante tantos conflitos, a função misericordiosa de Maria é suavizar nossos sofrimentos, é nos aconchegar no seu manto constelado com seu carinho fraternal, é nos oferecer o trabalho do amor incessante.

Escutando semelhante advertência de Maria, meditemos se realmente estamos fazendo tudo quanto o Mestre nos disse.

G.E. Culto Pedro

Chico Xavier e a Mística Espírita: um brevíssimo comentário


Hoje em dia, quando ouvimos a palavra “mística”, logo pensamos se tratar de alguma forma de esoterismo, principalmente aquelas formas mais vulgarizadas deste, que prometendo soluções mágicas, são vendidos em qualquer esquina como mero adorno da vida. Em geral, associamos a palavra “mística” ao termo pejorativo “misticismo”, o que por seu lado, se relacionaria à superstição entre outros. No entanto, para além deste sentido relacionado ao esoterismo, seja ele o esoterismo mais vulgar ou mesmo as correntes mais elaboradas e dignas de nosso respeito, há um sentido mais profundo do termo “Mística”, e é sobre este que quero aqui tratar.

Em linhas bem gerais, nos podemos dizer que a Mística é um determinado caminho para se encontrar Deus, ou melhor, um caminho para percebê-lo. E a característica principal deste caminho, o qual marcou a experiência da religiosidade oriental, é o fato deste buscar “driblar” a razão (sem negá-la) e estabelecer um contato imediato, direto com Deus, enfim, senti-lo.

O que nós poderíamos chamar, apenas alegoricamente, como o caminho oposto ao da Mística, sem com isso estabelecer qualquer hierarquia sobre qual é o melhor, é o caminho do racionalismo religioso, o qual predominou no ocidente. Nós ocidentais, herdeiros da tradição judaica, sempre buscamos interpretar racionalmente os “atos” de Deus e o próprio Deus. Nesta tendência, criamos teologias e uns tantos outros sistemas de pensamento e normas racionais para a conduta da nossa ação no mundo, as quais pudessem nos aproximar de Deus. Assim, estabelecemos um contato com Ele, não direto e imediato, mas sim, indireto e mediado pela razão.

Vale lembrar também que, para o racionalismo, tudo que não é racional, só pode ser o seu oposto, ou seja, irracional, e na maioria das vezes, esse “irracional” é interpretado como o que provêm do “mundo dos instintos”, do nosso primitivismo. No entanto, há uma “terceira margem do rio”, que, mesmo não sendo racional, não é o seu oposto irracional ligado aos instintos, mas sim é um caminho supra-racional, aquele que como falamos “dribla” a razão sem negá-la, que é o caminho da mística.

Apesar de a tendência racionalista ter predominado no ocidente, e a Mística no oriente, não quer dizer que não tenha havido racionalismo no oriente e nem Mística no ocidente. No ocidente, é conhecido por muitos uma longa tradição da Mística Cristã. Nesta tradição destacam-se nomes como Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Santa Hidelgarda (Hildegard Von Bingen), Mestre Eckhart, Francisco de Assis entre outros.

O Espiritismo, nascido no ocidente pelas mãos de Kardec (não podemos chamá-lo de criador do espiritismo, mas soa bem chamá-lo de parteiro), surge mergulhado na tradição do racionalismo ocidental e se orientará predominantemente por ele. Para o espiritismo, tal como Kardec nos apresentou, a razão é o faculdade humana mais competente para se alcançar a iluminação espiritual, esta que pode ser entendida como o caminho da evolução, ou o caminho do encontro com Deus. Porém, assim como no racionalismo religioso do ocidente houve brechas nas quais a mística penetrou, acredito que, Chico Xavier represente esta brecha de Mística no espiritismo.

Com isso não quero dizer que Chico seja um homem só da Mística, mas tão somente que havia nele também este vertente bem desenvolvida, e isso aparecia desde em pequenas frases, como também, e principalmente, na sua postura ante ao mundo. Uma frase marcante é resposta que Chico dá quando é perguntado sobre a imagem de “Nossa Senhora” que tinha em sua cabeceira. O que poderia parecer uma “Heresia” na ortodoxia espírita se desmanchou como nuvens ante a simplicidade de Chico. Ele respondeu que aquela era a Fé que ele tinha herdado e aprendido com sua mãe, e que não tinha o menor desejo de perdê-la. Nisto, ele apresenta a Fé como um meio poderoso que nos leva a Deus, e que deve ser preservado e cultivado, sem que com isso se pergunte por sua “razão”. Nesta frase de Chico não há nenhuma justificativa racional para esta sua Fé, ela é apresentada como tendo valor em si mesma.

Por outro lado, a maneira como creio que o Chico interpretava o papel da “Caridade”, muito tem a ver com o caminho da mística franciscana. Aos olhos apenas do racionalismo, a “Caridade” só pode ter dois significados: (1) quando é praticada, visa acabar com a pobreza, e o sofrimento em geral, como isso é impossível para um indivíduo ou pequeno grupo, gera ansiedade e conseguintemente sofrimento; (2) quando é ela criticada, o racionalista só enxerga na “caridade” assistencialismo barato, e ou exploração religiosa dos pobres, estes últimos que seriam apenas um meio para outros chegaram à salvação. No entanto, aos olhos da mística da pobreza, a “caridade” é um meio de se aproximar dos pobres, de sua simplicidade, e através dela se aproximar do Cristo. Neste sentido, a caridade passa a ter valor nela mesma, sem se preocupar arrogantemente com seus resultados para os outros, mas se torna tão somente um exercício místico do amor. Quando multidões buscavam um pão ou uma nota de cruzeiro dada por Chico Xavier, não estava ali uma forma de acabar com o sofrimento dos pobres, mas tão somente, uma forma de se aproximar do Cristo misticamente, através da simplicidade da pobreza. Por isso, vejo Chico Xavier como um continuador da mística da pobreza franciscana.

Imagino, que cada espírita ou qualquer outro cristão, que alguma vez participou de alguma atividade beneficente, entenda perfeitamente estas minhas palavras. Todos tinham a ciência que aquela sopa, aquele pão ou aquela atividade feita, era um alívio deveras diminuto para a necessidade daqueles que recebiam, mas faziam com que todos sentissem o Cristo mais perto de si.

Brand Arenari

Aos tarefeiros Espíritas

As atividades executadas na seara espírita são realizadas, em sua grande maioria, pelo trabalho voluntário. Onde todos indistintamente, sentem-se chamados a prestar colaboração nos serviços de caridade oferecidos pelas casas espíritas. É indispensável nos alertarmos para as responsabilidades que estamos assumindo, para que não mais procedamos como tantos outros, que mais se assemelham a "turistas"; que agem sem regularidade ou assiduidade, que aparecem para trabalhar quando querem, como se estivessem fazendo um favor ao vir dar uma "mãozinha" no dia em que acham conveniente fazê-lo.

A Doutrina Espírita nos reformulou esses conceitos equivocados, quando nos incita a uma participação responsável, a uma conduta operante e a uma assiduidade que tornará a tarefa passível de ser realizada com êxito. Pede, acima de tudo, que sejamos participativos, executando com prazer as nossas tarefas no auxílio ao necessitado de hoje.

Ser espírita é também ter responsabilidade, pessoal, familiar, social, ser honesto nos propósitos de melhoria interior, procurando tirar proveito de mais esta oportunidade que a misericórdia divina nos está concedendo; de estudar, trabalhar e assumir tarefas, observando o fim útil de laborarmos com empenho no mundo material, visando o nosso retorno à pátria espiritual em melhores condições íntimas do que quando aqui chegamos.

Outrora se acreditou que bastava a boa vontade nos serviços a serem realizados aos desvalidos da sorte, que se encontram em situação de penúria moral ou física, que tudo estaria resolvido. Embora seja a boa vontade, muitas vezes a alavanca que nos impulsiona ao encontro do outro, representando a nossa disposição em servir, para que a semeadura seja proveitosa e a colheita farta, é preciso que o trabalho também de esclarecimento seja sedimentado na qualificação e conhecimento doutrinário.

O trabalhador da Seara Espírita precisa entender que sua participação nas atividades da Casa Espírita que frequenta, não será uma realização apenas em proveito do outro, não será um favor a Deus ,mas e principalmente um favor em seu próprio benefício. É a grande oportunidade de começar o aprendizado de humildade, doação, permuta de experiências,renúncia e qualificação mútua.

Os problemas que aparecem, os atritos que surgem dentro das tarefas das quais participamos, são os espinhos que devemos aprender a transpor de maneira inteligente. Preciso é que estejamos sempre dispostos a reciclar nossos conhecimentos, não nos achando eternamente sabedores de tudo. Entendendo que na vida tudo progride e que o trabalhador, de qualquer atividade, espírita ou não, deve acompanhar a evolução da ciência em franco processo de desenvolvimento.

Precisamos também entender, que as atividades das quais tomamos parte, não são exclusividade nossa e que, por isso mesmo, devemos compartilhar nossas idéias, nossos conhecimentos, com nossos semelhante. Procurando uma convivência pacífica e harmoniosa com nossos irmãos de ideal, contribuindo desse modo para um melhor desenvolvimento do trabalho, visando exclusivamente o êxito a que se destina, ou seja, o atendimento ao carente daquela atividade, seja ela qual for, de cunho material ou espiritual.

Nossa participação equilibrada na convivência com os outros que têm o mesmo objetivo, evitará as lutas pelo poder dentro dessas atividades. Fortalecendo o ambiente vibratório do grupo, oferecendo oportunidade para que todos participem de maneira proveitosa e responsável da estrutura organizacional da Instituição que frequenta. Entendendo que também precisa ser um afiado instrumento nas mãos dos abnegados trabalhadores da espiritualidade superior, alistando-se definitivamente como mais um soldado ativo no batalhão do exército do bem. Nesse aspecto, o estudo, a reflexão, a prece e o comprometimento com a atividade do Cristo tornam-se indispensáveis, para que o tarefeiro, nós, executemos nossas atividades, desde as mais simples, até as mais complexas e específicas, com esmero, competência e alegria.

Vivemos a repetir que a Seara é grande e os trabalhadores são poucos, que diminuto número de tarefeiros executam tarefas de muitos.

Porque isso ainda acontece em nosso Movimento Espírita? O que falta para termos sentimento e ação harmonizados?

O crescimento do Espiritismo no mundo está na dependência do que fizermos com ele. Se o utilizarmos adequadamente, como nos ensinam os imortais da vida maior, por certo mais cedo estaremos recebendo os benefícios de sua implantação no coração do nosso semelhante. Ajudando desta maneira na transformação moral do nosso planeta, para que ele possa galgar o próximo degrau na escala do progresso, alcançando o patamar de planeta de regeneração, a que todos nós tanto almejamos.

Esta deve ser a minha reflexão, a sua e a de todos aqueles que se dizem espíritas.

Rose Bello

Em Tempo! - E como foram as férias?

O Jovens Ideais sugeriu caridade e vigilância, além de oferecer algumas dicas para o melhor aproveitamento do período de férias. Agora é tempo de avaliar.
Entre a palavra do Cristo de que Ele e o Pai trabalham incessantemente; o exemplo do governador de “Nosso Lar”, que nunca tira férias e pouco dorme e a grande maioria, que se ilude que a vida é uma grande colônia de férias, o que têm sido férias para nós?
Quem sabe um momento de repensar nosso dia a dia, reorganizá-lo e reafirmá-lo como programa evolutivo.

Claudete Saraiva

Em Tempo! - Planejamento 2010

E ao término do dia de trabalho, o Mestre reunia os discípulos na casa de Pedro e, a partir de um tema proposto, refletiam acerca de si mesmos, conheciam-se melhor e fortaleciam seus laços de afeto, mediados pela Sua doce palavra. Isso é estudo em grupo: acesso a informações, autoconhecimento e fraternidade. Conforme Ele nos afirmou que quando dois ou mais se reunissem em Seu nome, Ele estaria presente, o livro é a presença do Mestre. Nesse mês de março, estamos iniciando o estudo de um novo livro da série André Luiz – NO MUNDO MAIOR – todas 2ª feiras às 19h30min, no salão de reuniões públicas. Inclua no seu planejamento 2010 um grupo de estudos. Nossa casa oferece várias opções de livros e diversos horários. Informe-se e participe.

Claudete Saraiva