quinta-feira, 2 de julho de 2009

Inversão de Valores


Li, há alguns dias, um comentário no jornal, que me fez rir. Contava o colunista, que um seu amigo havia perdido no calçadão do centro da cidade, dois carnês de pagamento e dentro de cada um, a respectiva importância para a quitação de suas prestações. Qual não foi sua surpresa, quando no dia seguinte, em sua casa (no carnê havia registrado o seu endereço), recebeu de volta os referidos carnês, devidamente pagos, acompanhados das moedinhas referentes ao troco, bem como um bilhete do benfeitor dizendo haver realizado o pagamento numa Casa Lotérica para evitar cobrança de juros, uma vez que as prestações venciam naquele dia, e ainda mais, que dispensava qualquer gratificação.


Por que será que achei engraçado um fato que deveria ser encarado como normal? Penso que é porque estamos tão acostumados com histórias de falcatruas, de espertezas, de gente querendo se dar bem, sem pensar no bem estar alheio, que um gesto honesto nos espanta.

É bem provável que esse homem da história dos carnês tenha sido chicoteado por pessoas de suas relações dizendo qualquer coisa assim: - Que ridículo você foi!

Além de devolver o dinheiro, ainda se deu ao trabalho de fazer o pagamento!!!

Uma inversão de valores: o certo torna-se errado e espantoso, enquanto que o errado passa a ser o esperado, o normal.

Existe uma sábia frase de Rui Barbosa que diz: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se da justiça e de ter vergonha de ser honesto .”

Nós, que já nos preocupamos com o nosso progresso moral, temos o dever de estarmos atentos a pequenas situações, para que não venhamos a cometer equívocos, que cada vez mais reforçam o paradigma de que o que importa é de se dar bem a qualquer preço.

Certamente não cometemos delitos extremos, mas pequenos deslizes ainda somos capazes de cometer e temos que ter grande preocupação quanto a isso. Somos o espelho, dando o exemplo para a formação de futuros cidadãos. Precisamos trabalhar por uma sociedade mais honesta, praticante do “amar ao próximo como a si mesmo” e onde o respeito a si próprio e aos outros esteja acima de tudo.

Gidelma Quintanilha

Um comentário:

  1. Ri muito ao imaginar a cara do sujeito que recebeu os carnês perdidos pagos e com o troco!kkk
    Realmente era pra ser uma coisa comum, mas infelizmente ainda não é...

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